Conhecer a Dailza numa oficina literária foi uma das boas coisas que aconteceram este ano. Dailza tem talento – ficou em terceiro lugar nos concurso de contos da Off- FLIP, é organizada – toma conta do blog dos alunos da oficina, é mãe e avó – cria filhos e netos com um amor sem fim, e é minha nova amiga – daquelas que logo desconfiamos que vieram para ficar.
Num dos exercícios da oficina Dailza escreveu um mini conto sobre um sonho que lhe contei, aliás, eu não contei o sonho, simplesmente disse que quando ia para a minha casa na praia eu sonhava que o mar entrava dentro dela, somente isto.
Dailza, com seus olhos, ouvidos e alma de escritora, contou sem querer a história da casa muito melhor do que eu, a dona da história, teria feito.
Em 142 palavras Dailza revelou uma casa onde família, amigos, vizinhos, viveram e deixaram muitas recordações.
A vida mudou, os pequenos cresceram, os mais velhos partiram, os vizinhos são outros, mas a casa continua lá, pronta para nos receber. É para lá que vamos quando queremos tirar o sapato, deixar marcas na areia e entrar no mar para sentir o sal na boca e na pele.
A casa é azul, azul da cor do mar.
A Casa e O Mar
(Sonho de Martha)
Ela era uma casa simpática. Ficava à beira d’água, sempre enamorada do mar. Durante muitos verões, foi o paraíso das crianças que, logo de manhãzinha, corriam pela areia até chegar à barra de espuma macia e molhar os pés.
A casa não era grande nem pequena. Tinha o tamanho ideal para guardar memórias, testemunhar gerações. Viu quando castelos de areia deram lugar às pranchas que cortavam as águas. Assistiu primeiros beijos roubados em noite de lua cheia.
Mas, nada dura além de seu destino. Um dia, o mar cansado da rotina, resolveu que seria bom quebrar suas ondas mais além. O mar queria crescer, ganhar novos espaços. E assim foi: começou pela areia branca, ganhou as calçadas até chegar à varanda. Invadiu as salas, os quartos e quando deu-se conta, a casa que antes olhava o mar, agora vivia dentro dele.
Dailza
11/2010
Os sótãos e porões não existem mais nas casas modernas, por isto criei este lugar para: - descobrir coisas esquecidas tais como, uma poesia, um trecho de um livro clássico, fotos, e muito mais, - um lugar para guardar por algum tempo coisas que você não quer mais, mas que de vez em quando quer olhar - um lugar para deixar seus sentimentos de mágoa, raiva, e tudo o que nos faz mal e pedir às traças e aos cupins que os destruam de vez. Entre neste sótão e neste porão e fique à vontade.
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quarta-feira, 24 de novembro de 2010
A Casa e o Mar ( o sonho da Martha)
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2 comentários:
Lindo... A cara da casa... Adoro esse sentimento de sentir saudade de um tempo bom, parece difícil quando as lágrimas nostálgicas teimam em surgir, mas, nada melhor do que se saber ter vivido tempos bons, de deixar saudade... É a vida, ela passa, agarremo-nos a cada instante de felicidade, de bem estar para lembrarmos deles daqui a pouco!
Beijo com saudade de todos nossos momentos!
Esse conto ficou lindo, lindo. Dailza escreve muito bem e acho que até minhas piores histórias, tipo a Loja do Pum ( ninguém quis escrever sobre esse caso, é lógico ) ficariam poéticas se contadas por ela.
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