quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Babette sai às ruas


O texto que dá título a esta nova postagem é de uma querida amiga, Cecília Cecílio, decoradora que mora em Uberaba, SP.
Cecília e eu nos vemos muito bisextamente, mas temos muita afinidades de gostos, de conversas e de idéias.
Cecília escreve sobre decoração, gastronomia, e outras coisas boas boa da vida. Quando nos encontramos via Facebook, parece que não existimos mais sem ele, nos aproximamos como grandes amigas de infância.
Este texto abaixo, que me deu vontade de fazer um igual só para viver este passeio na minha vida, foi mandado por ela após muita insistência. Acho que todos vão concordar que ela tem muito a dizer.
Nasci em Uberaba nos idos dos anos 60, em uma família muito receptiva.

Mamãe odiava, e ainda, odeia cozinha, mas delegava poderes como ninguém. Atualmente adota o sistema delivery.

Papai, filho de imigrantes árabes, era super exigente e de paladar apurado. O casal sempre recebeu muito quando era sofisticado servir maionese, estrogonofe e peru “á califórnia”.

Minhas primeiras saídas gastronômicas aconteceram na Rua Vigário Silva, onde visitava todos os dias a família Penna Rocha e com a insistência do Sr. Cel. Pedro Rocha, degustava (e me lambuzava) beterrabas cozidas. Acho que nunca mais as comi!

Com as irmãs Palmério, aprendi a tomar o “caliente” chá das 17 horas.

Com uma disciplina britânica, atravessava a rua para tomar o célebre picolé de tamarindo, na sorveteria da frente. Hábito que ainda mantenho.

Quando completei 20 anos, meus passos aumentaram e consegui de papai, um árabe patriarcal, o inédito fato de sair do país - sem papai, mamãe, titia ou professora.

Que delícia!!!

O mundo se descortinava para mim.

Aos 21 anos fui estudar decoração em São Paulo e tive um maior leque de opções gastronômicas. Aliás, acho que arte e gastronomia são paralelas, pois beleza vai à mesa sim! Dizem as más línguas que eu só abro a bolsa, tenho compulsão por elas, para excelentes restaurantes e objetos de decoração.

Em 1985 casei com meu então amigo Marcelo e fomos morar em São Joaquim da Barra.

A vida passava e na cidade nada acontecia, a não ser a banda (adorada por Ana Maria Braga), que tocava aos domingos no coreto da praça.

Que marasmo!!!

Resolvi então, abrir o livro de receitas que ganhei de mamãe, com a seguinte dedicatória: - Cecilinha, a coisa mais difícil do casamento é a cozinha. Que Deus te ajude!

E como ajudou!
Aprendi a cozinhar, engordei uns quilos extras, fiz jantares sofisticados e lindas festas infantis. Sobretudo, fiz excelentes amizades, que são mantidas até hoje.

Acho que receber é uma maneira de rezar, pedindo graças e repartindo o “pão” com a família e amigos.

Então vamos, abra seu coração e sua casa!
Comemore!
Bem-vinda Cecília!
Continue nos surpreendendo com seu "savoir-vivre".
Em breve vou fazer uma mudança nas coisas aqui do Sótão e do Porão e este texto vai para o Sótão. Daqui há uns dias vocês vão entender o porquê.