quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Perigo no Porão - A Inveja

Preciso ir ao porão.

Quero encontrar pistas de quem foi lá e deixou escapar uma criatura poderosa.

Falo da Inveja!

Traças e Cupins comeram o armário que a tinha trancado? Como sou boba! Não percebi então que o armário de madeira era frágil e não iria segurá-la por muito tempo?

Então fui eu mesma?!?!?

De tempos em tempos examinei detalhadamente a madeira para procurar pozinho de cupim, sinal de madeira podre, verificando ainda se a porta estava trancada para me assegurar que desta vez seria diferente. A vigilância severa me colocaria a salvo: sabia onde ela estava e durante muito tempo fiquei de guarda.

Até que achei que isto estava me tomando muito tempo e energia. Encostei o armário no fundo e espacei o controle.

Não sei se na última arrumação não percebi o perigo ou não avaliei bem aquele pozinho no chão, prova concreta de um buraquinho na madeira, o fato é que ela escapuliu e me pegou.

Mas foi rápido.
Percebi logo quem era e não precisei gastar muita energia – tranquei-a num armário de ferro que tinha chegado lá a pedido de uma amiga muito, muito querida que não tinha onde colocá-lo.

Às vezes os amigos são assim, uns seres estranhos.

Pedem umas coisas sem sentido, nos dão coisas que parecem tralhas inúteis, nos levam ao porão quando precisamos, ou vão conosco quando não temos coragem de irmos sozinhos, e mais estranhos ainda: fazem isto quando poderiam desfrutar só do Sótão.

Ainda bem que o armário estava lá!

Quem tem padrinho não morre pagão

Todo mundo tem uma madrinha ou um padrinho neste mundo.

Vão aparecendo aos poucos na nossa vida: batismo, consagração, crisma, casamento. Tem uma função definida, são mais ou menos presentes, e para alcançar este posto, seguimos – padrinhos madrinhas e afilhados, rituais definidos.

Se a vida fosse feita de rituais definidos seria tão simples, chato, é verdade, mas tão menos trabalhoso! Era só abrir o caderninho e procurar a fala do momento, quem segura quem no colo, quem jura proteção eterna, presença constante e estas coisas todas.

E as surpresas? Abriríamos mão delas? E os que nos surpreendem no meio do caminho da vida? Aqueles que não leram o texto, ou leram e resolveram que não iriam cumprir o que estava escrito?

Aqui no sótão aparecem os padrinhos de coração.

Socorro Traças! Assim que arrumar outra expressão eu aviso, e vocês tratem de carregar este clichezinho barato para o porão e dar cabo dele.


Valeu Prima Maria Amélia por ter compartilhado o texto com outras pessoas com tanto carinho.



Obrigada, Mamélia, pela crônica da Martha. Através dela consegui me transportar à infância de muitas lembranças. Foi um momento mágico.Beijo. Norma.

Adorei ler este artigo que me é tão familiar, pois tb sou de Rio Grande e fiz parte desta época dourada!!!!!!!!!!!!!!!!! Anônimo (mande seu nome)

Não gostei. Deu tristeza. Acho que nunca vai aparecer uma confeitaria que se iguale à Sol de Ouro e a Nogueira, de Pelotas. Buáááá! Dinei
De fino trato e bom gosto. Amei este pedacinho do sótão. Maria de Lourdes (Chuca)

Uma bela recordação Maria Amélia! Como morei também em Pelotas, me recordo da confeitaria Nogueira, quando lá estive a pouco tempo,já não existia mais.
Ainda me lembro da rosca de massa de ló coberta com açúcar de confeiteiro, tenho guardado na mente aquela pilha delas colocadas harmoniosamente na vitrina. Outra coisa que ainda me dá saudade é do açúcar "cande" vendido na frente do cine Carlos Gomes. Jonatas