sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Arrumação no Sótão e no Porão




Resolvi dar uma arrumada no sótão e no porão.

Estava tudo muito misturado. Mesmo nos guardados há que manter certa ordem.

No Sótão guardarei todas as lembranças boas. Dei uma arejada, pedi a um mestre de obras que abrisse uma janela na frente norte para o sol entrar com força no inverno menos inclemente no verão.

Remanejei para o sótão as melhores lembranças, as que quero preservar



mas ainda estou pensando quais serão os melhores lugares - de novo esta mania – mas o que posso fazer se me alegro quando procuro e acho?
Comove-me ver a delicadeza e o cuidado com que as coisas foram guardadas, mesmo que não tenham sido por mim. O tempo parou naquele objeto esperando meu desejo e minha lembrança.

- A flecha do tempo é para frente, dirão alguns, não podemos mudar sua direção.
- Tudo bem, digo eu, mas o que é o arco? E a corda? Sem falar no arqueiro. É esta combinação que faz a flecha zunir em direção ao futuro.


No Porão não tive a mesma preocupação, talvez por estar um pouco cansada da arrumação, deixei as coisas como estavam.



O cansaço me fez perguntar: - Por que tudo tem que estar sempre nos trinques?
Um pouco de descaso também não faz mal.

Deixei lá definitivamente o que não quero mais ver, encostei tudo no fundo da peça que é para não precisar nem entrar.

É só jogar lá dentro e deixar as Traças e os Cupins de guardiões. Percebi até um sorriso de satisfação nos olhos deles. Vão poder trabalhar pela eternidade sem serem incomodados, estarão a salvo da luz, do calor, do ar fresco da manhã, do pano úmido, da vassoura.

Parece coisa de doido? Não é não. Há muita gente neste mundo que escolhe a companhia das traças e dos cupins que corroem tudo que encontram pela frente à do sol que ajuda a gerar transformação.
Aqui tem sempre um lugar para as suas coisas, não esqueça

4 comentários:

Cecília Cecílio disse...

Como consegue mostrar tão bem seus sentimentos???????? E interessante que parecem meus... Será nossa afinidade, de outras vidas???.Se bem que eu também não sei se elas existem... Mas sinto uma sensação diferente, mas agradável. bjos.

denise disse...

Ás vezes precisamos mesmo usar de "descaso " com alguns sentimentos menores, algumas tralhas que carregamos pela vida.
Vivemos nos construindo e nos desconstruindo , em busca de um equilíbrio perfeito, de um ser integral...mas há coisas, como bem escrevestes, que precisam ficar às traças e aos cupins . Esquecidos porque são inúteis, como a mágoa, a culpa, o medo do futuro, a tristeza do passado. Parabéns pelo artigo Martha!

Martha Estima Scodro disse...

Denise, como é difícil se desfazer das coisas, não é mesmo? Até aa que mais nos incomodam insistimos em carregar.
beijo

Anônimo disse...

queiria entrar em um porão :( infelismente n poso
mateus_xml@hotmail.com

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